Cobre menos - acolha mais! Você quer ajudar alguém com depressão?

Nos tempos atuais podemos ver a nossa volta cada vez mais pessoas lidando com a depressão. Muitas vezes essas pessoas recebem uma mensagem de um amigo bem intencionado oferecendo ajuda neste momento difícil. Mas será que estamos realmente preparadas para ajudar alguém com esse tipo de problema?

Empatia é a palavra chave. Antes de dar ideias super positivas e maravilhosos conselhos sobre a resolução dos problemas do outro, você já tentou se colocar no lugar desta pessoa? Já tentou compreender seus problemas pelo ângulo de quem passa por este transtorno? Já se informou o suficiente sobre esta doença?

Se você realmente quer ajudar seu familiar ou amigo a superar este problema, te convido a sair do óbvio. Te convido a se informar sobre possibilidades de tratamento e a ter MUITA paciência, carinho e acima de tudo respeito e acolhimento.

Uma pessoa com depressão não precisa ser “arrastada” para uma balada. Ela não pode ter seus problemas minimizados, nem comparados com os de ninguém. Muitas vezes na tentativa de ajudar, pode-se acabar piorando o estado emocional de uma pessoa deprimida, quando ela perceber que não foi capaz de ficar feliz em uma festa, por exemplo. Que ir à praia “pegar um sol” e “ver gente nova” não a alegrou como seus amigos esperavam. Esta frustração pode causar o efeito contrário ao esperado e piorar a situação

Como ajudar alguém com depressão?

Se você realmente estiver disposto a ajudar, esteja ao lado desta pessoa! Sentado no chão do quarto, à mesa da cozinha, ou no corredor do prédio, onde for necessário. Ouça mais e sugira menos. Leve palavras de conforto e alegria, mas sem minimizar a dor do outro, e sem soluções mágicas para sua “cura”. Abrace! Talvez você ainda não compreenda o valor de um abraço.

Crie uma rede de amigos que se faça presente de todas as formas possíveis, por mensagens, telefonemas, visitas, recados, posts e o que mais for possível, sem ficar pesado para ninguém. Contribua para que ela não se sinta esquecida ou rejeitada. Respeite o tempo da pessoa e suas possibilidades. Faça convites frequentes sim, mas sem exigências e cobranças, e a deixe à vontade para recusar ou aceitar, sem recriminações. E mesmo nos convites aceitos, compreenda a falta de animação e entusiasmo dela. Nada de cobranças como: “vai ficar aí com essa cara?” “Você tem que se animar!” “Se continuar assim, vai ficar deprimida pra sempre!” Cobranças nesse momento levarão à frustração, quando tudo que se precisa é de acolhimento.

Você também pode verificar se esta pessoa já se encontra em tratamento com um psicoterapeuta e/ou psiquiatra. Caso ainda não esteja em tratamento, ajude-a a encontrar um profissional adequado. Ofereça companhia para ir à sessão ou consulta. Lembre-a de tomar os remédios ou ofereça ajuda para compra-los.

Provavelmente o processo será longo e um pouco difícil, tenha paciência! Não julgue! Precisamos ser capazes de aceitar e respeitar aquilo que para nós parece incompreensível.

É necessário criar a consciência de que não temos o direito de julgar os outros, nem de usar palavras equivocadas sob o pretexto de “tentar abrir suas mentes” ou faze-las “enxergar o lado bom da vida”. Nem apresentar receitas prontas de como vencer a depressão.

A sociedade em que vivemos já nos dá diariamente exemplos negativos para aprendermos como não agir. Vamos fazer melhor que isso e acolher de verdade quem precisa.

Portanto, quando pensar em ajudar alguém, pense se realmente é um desejo seu, e se realmente está em condições de ajudar, ou se corre o risco de trazer um outro desconforto a quem está passando por este problema. Acolha, ame, abrace, não critique e informe-se!

Psicanalista Michele Maia

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